

Busca e Apreensão: O Que Fazer e Como se Proteger
A busca e apreensão é um dos instrumentos mais invasivos e impactantes da investigação criminal. Normalmente ocorre de forma inesperada, nas primeiras horas da manhã, com grande quantidade de policiais, e pode envolver a coleta de documentos, computadores, celulares, valores e outros bens.
Esses momentos costumam gerar pânico, constrangimento e confusão — e é precisamente por isso que a pessoa deve conhecer seus direitos e saber como agir.
Uma conduta equilibrada e orientada juridicamente pode definir o rumo de toda a investigação.
Mantenha a calma e evite qualquer reação impulsiva.
A primeira reação de qualquer pessoa diante de policiais é tentar entender ou argumentar, mas confrontar, discutir ou resistir só agrava a situação e pode gerar novos delitos, como resistência ou desobediência.
O correto é:
-
manter postura serena;
-
não atrapalhar o cumprimento da ordem;
-
não ocultar objetos;
-
não impedir a entrada dos agentes (se houver mandado válido).
Calma e prudência são fundamentais.
Exija o mandado e leia com atenção.
O mandado deve ser apresentado antes da entrada, salvo raríssimas exceções.
Ao receber o documento, é essencial observar:
-
o nome do juiz;
-
o endereço autorizado;
-
os fundamentos da decisão;
-
o que pode ser apreendido;
-
a finalidade da diligência;
-
o horário autorizado (habitualmente diurno).
Se o endereço for diferente do local da diligência, a busca é ilegal.
Se o mandado permitir apreensão de documentos e a polícia leva bens sem relação com o fato, também há excesso.
Essas irregularidades podem levar à anulação da prova e, em alguns casos, ao trancamento da investigação.
Registre tudo: filmagem, testemunhas, relação de bens.
É fundamental que o morador ou responsável:
-
filme a diligência (sem obstruir o trabalho);
-
acompanhe o procedimento sempre que permitido;
-
solicite que tudo seja descrito no auto;
-
confira item por item da lista de objetos apreendidos;
-
peça cópia imediata do auto.
Registros garantem proteção contra abusos e contra alegações falsas no auto lavrado pela equipe policial.
Não forneça senhas - Você tem o direito à não auto incriminação.
Em muitos casos, agentes pedem senhas de celular, computador ou e-mails “para agilizar”.
Contudo, você não é obrigado a fornecer a senha dos aparelhos, isto porque, você não é obrigado a produzir provas contra si mesmo, ou ainda, colaborar para que as provas sejam produzidas.
Importante se atentar que você não pode se opor a ordem judicial de busca por exemplo, mas você não é obrigado a auxiliar nas diligências.
A jurisprudência entende que obrigar o investigado a entregar senhas viola o direito à não autoincriminação, neste caso, a defesa pode, inclusive, anular provas obtidas por meio de coerção, se comprovado que o fornecimento de dados se deu mediante coação.
Evite falar — tudo poderá e será usado contra você.
Durante a busca, agentes frequentemente fazem perguntas informais.
As pessoas, nervosas, tentam se explicar, mas isso pode ser a pior parte, se indagado informalmente, limite-se a dizer que falará apenas na presença de seu advogado.
Qualquer declaração fora desse contexto pode ser interpretada como confissão, contradição ou indício de culpa.
Contate imediatamente seu advogado.
Uma busca e apreensão exige resposta técnica imediata, porque:
-
as primeiras horas definem a narrativa do caso;
-
irregularidades precisam ser registradas no ato;
-
medidas urgentes podem ser requeridas;
-
a defesa deve avaliar se houve abuso ou violação de domicílio;
-
é possível, em muitos casos, pedir a devolução de bens e até a nulidade da diligência.
Operações complexas envolvem não apenas aspectos criminais, mas também patrimoniais, financeiros e reputacionais — e toda estratégia depende do primeiro atendimento jurídico.
Quando a busca e apreensão pode ser anulada?
A diligência pode ser considerada ilegal quando:
-
o mandado é genérico ou pouco fundamentado;
-
a busca ocorre à noite sem justificativa;
-
agentes entram em imóvel sem ordem judicial;
-
apreendem objetos fora do escopo da decisão;
-
há abuso de autoridade;
-
há violação da cadeia de custódia;
-
não são observadas formalidades essenciais.
Nesses casos, a defesa pode pedir:
-
devolução imediata dos bens;
-
desentranhamento da prova;
-
reconhecimento da prova ilícita;
-
trancamento da investigação, em casos de ilegalidade absoluta;
-
responsabilização da autoridade.
Conclusão
A busca e apreensão costuma ser o primeiro ato que causa grande impacto psicológico e jurídico na vida do investigado.
Mas, quando conduzida de forma irregular, pode se transformar em um poderoso ponto de ataque de uma defesa técnica e combativa, capaz até de anular processos inteiros e investigações.
Conhecer direitos, manter a calma e ter orientação imediata são medidas que preservam provas, evitam abusos e protegem a integridade do investigado.

